CHEGADA DE CALVINO A GENEBRA – SUA ENTREVISTA COM OS MAGISTRADOS – ELABORA UMA FORMA DE DISCIPLINA ECLESIÁSTICA – ACONSELHA FAREL QUANTO À MODERAÇÃO.
GENEBRA, 16 de Setembro de 1541[1]
Como você desejava, eu estou estabelecido aqui; que o Senhor faça que isso coopere para o bem. Para o momento, eu devo manter Viret aqui também, por quem não vou sofrer de modo nenhum por ele ser levado para longe de mim. E você, ademais, e todos os irmãos, esforcem-se ao máximo para me ajudar aqui, a menos que vocês tenham me torturado sem propósito, e me tornado completamente deplorável, sem nenhum benefício a ser obtido. Imediatamente após eu ter oferecido meus serviços ao Senado, declarei que uma Igreja não pode se manter a menos que um sistema de governo estabelecido seja acordado, do modo como prescrito a nós na palavra de Deus, e tal como era usado na Igreja antiga. Depois eu toquei gentilmente em certos pontos de modo que eles pudessem entender qual era o meu desejo. Mas porque toda a questão da disciplina era muito grande para ser discutida daquela forma, pedi-lhes que nomeassem alguns dentre eles, que pudessem tratar do assunto conosco. Seis deles foram designados em seguida. Artigos relativos a toda a política eclesiástica serão preparados, os quais nós devemos apresentar ao Senado logo em sequência. Os três colegas demonstraram algum sinal de concordância com nós dois. De algum modo, pelo menos, serão obtidos. Desejamos sinceramente saber como as coisas estão indo em sua Igreja.[2] Esperamos, no entanto, que, influenciados pela autoridade dos de Berna e Bienna, esses problemas tenham sido completamente resolvidos, ou pelo menos acalmados de algum modo. Quando você tem Satanás para combater, e você luta sob a bandeira de Cristo, aquele que cinge sua armadura e te conduziu à batalha, te dará a vitória. Mas, uma vez que uma boa causa exige também um bom instrumento, tenha o cuidado de não lhe fazer tantas concessões, de modo a pensar que não houve nada desejável de sua parte que bons homens possam razoavelmente esperar de você. Nós não aconselhamos você a manter uma consciência boa e pura, sobre a qual, não temos quaisquer dúvidas; só desejamos sinceramente, que na medida que seu dever permitir, você se adeque mais ao povo. Existe, como você sabe, dois tipos de popularidade: aquela quando buscamos o favor dos outros por motivo de ambição e desejo de agradar; e a outra, quando, por equidade e moderação, nós ganhamos confiança deles, de modo a torná-los dispostos a serem ensinado por nós. Você deve nos perdoar se tratamos com certa liberdade com você. Em referência a esse ponto em particular, nós percebemos que você não dá satisfação mesmo para alguns bons homens. Mesmo onde não há nada mais a se queixar, você peca neste ponto, por não dar satisfação àqueles a quem o Senhor te fez devedor. Você está ciente do quanto te amamos, e do quanto te respeitamos. Esta mesma afeição, é verdade, esse respeito nos impele a uma crítica mais direta e rigorosa, porque desejamos sinceramente que naqueles notáveis dons que o Senhor conferiu a você, nem mancha ou defeito possam ser achados de modo que o malfeitor possa encontrar falta ou mesmo falar contra ti. Isto eu escrevi aconselhado por Viret, e por conta disso usei o plural. Adeus, mais que excelente e amável irmão.
[Autógrafo original em latim. -- Biblioteca de Genebra. Volume 106.]
NOTAS:
[1] Calvino chegou a Genebra no dia 13 de setembro de 1541. Encontramos sob esta data, em excertos dos Registros do Conselho: – “Calvino, tendo chegado a Genebra, apresentou-se ao Conselho, ao qual ele trouxe cartas dos Magistrados e Ministros de Estrasburgo. Ele se desculpou por sua viagem ter sido adiada. Ele apresentou que seria necessário estabelecer o trabalho das ordenanças eclesiásticas. Resolveu-se que eles se dedicariam a isto imediatamente, e para esse fim foram designados, juntamente com Calvino, Claude Pertemps, Amy Perrin, Claude Roset, Jean Lambert, Potalia, e Jean Balard. Resolveu-se também manter Calvino aqui sempre. – Outubro de 1541. A côngrua de Calvino foi definida em quinhentos florins, doze medidas de milho e dois tonéis de vinho”. Para moradia, eles ofereceram a mansão Fregneville, comprada pelo preço de duzentos e sessenta coroas, com um corte de veludo para vestimentas.
[2]
Tradutor: Rev. Antônio dos Passos Pereira Amaral, ministro presbiteriano, pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana Filadélfia em Marabá-PA; cursando mestrado (MDiv) em Teologia Histórica pelo CPAJ – Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper/SP.
Mostrando postagens com marcador Pastor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pastor. Mostrar todas as postagens
domingo, 26 de novembro de 2017
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
A visitação dos enfermos - por João Calvino
O ofício de um verdadeiro e fiel ministro não é apenas ensinar publicamente àquelas pessoas, sobre quem, ele é pastor ordenado, mas, na medida do possível, que admoeste, exorte, repreenda e console a cada um em particular. Então, a maior necessidade que um homem tem da doutrina espiritual de nosso Senhor é quando a sua mão o visita nas aflições, seja de doença ou de outros males, e, especialmente, na hora da morte, pois então, ele se sentirá mais forte do que nunca na sua vida, antes pressionada em consciência tanto pelo juízo de Deus, a que ele se vê prestes a ser chamado, como pelos assaltos do diabo, que então usa todos os seus esforços para vencer o pobre, mergulhando e dominando-o na confusão. E, portanto, o dever de um ministro é visitar os doentes e consolá-los pela Palavra do Senhor, mostrando-lhes que tudo o que eles sofrem e padecem, vem da mão de Deus e da Sua boa providência, que não envia nada aos crentes exceto para o seu bem e a salvação.
Ele citará passagens das Escrituras adequadas a cada situação. Além disso, se ele vê a doença como perigoso, ele lhes dará consolo, no que for mais animador, conforme ele os vê tocados por sua aflição; isto é, se ele percebe que estão pesarosos, com o medo da morte, irá mostrar-lhes que não é motivo de desânimo para os crentes, que tendo Jesus Cristo por seu guia e protetor, serão conduzidos, em meio à sua aflição, para a vida em que Ele entrou. Por considerações semelhantes, ele removerá o medo e o terror que eles têm do juízo de Deus. Se ele perceber que não estão suficientemente oprimidos e agonizados pela convicção de seus pecados, ele lhes declarará a justiça de Deus, diante da qual eles não podem resistir, exceto por Sua misericórdia, recebendo a Jesus Cristo para a sua salvação. Mas, se vendo-os afligidos em suas consciências e perturbados por suas ofensas, ele apresentará Jesus Cristo para a vida e mostrará como nele todos os pobres pecadores podem, duvidosos de si mesmos, descansar em Deus e encontrar consolo e refúgio. Além disso, um bom e fiel ministro considerará corretamente todos os meios que são apropriados para consolar os angustiados, conforme ele os vê afetados: sendo guiados em tudo pela Palavra do Senhor.
Além disso, se o ministro tiver qualquer coisa pela qual ele possa consolar e dar alívio físico aos pobres aflitos, ele não deve lhes privar, mas mostre a todos um verdadeiro exemplo de caridade.
John Calvin, Tracts and Treatises – On the Doctrine and Worship of the Church (Edinburgh: Calvin Translation Society, 1849), vol. 2, pp. 127-128.
Ele citará passagens das Escrituras adequadas a cada situação. Além disso, se ele vê a doença como perigoso, ele lhes dará consolo, no que for mais animador, conforme ele os vê tocados por sua aflição; isto é, se ele percebe que estão pesarosos, com o medo da morte, irá mostrar-lhes que não é motivo de desânimo para os crentes, que tendo Jesus Cristo por seu guia e protetor, serão conduzidos, em meio à sua aflição, para a vida em que Ele entrou. Por considerações semelhantes, ele removerá o medo e o terror que eles têm do juízo de Deus. Se ele perceber que não estão suficientemente oprimidos e agonizados pela convicção de seus pecados, ele lhes declarará a justiça de Deus, diante da qual eles não podem resistir, exceto por Sua misericórdia, recebendo a Jesus Cristo para a sua salvação. Mas, se vendo-os afligidos em suas consciências e perturbados por suas ofensas, ele apresentará Jesus Cristo para a vida e mostrará como nele todos os pobres pecadores podem, duvidosos de si mesmos, descansar em Deus e encontrar consolo e refúgio. Além disso, um bom e fiel ministro considerará corretamente todos os meios que são apropriados para consolar os angustiados, conforme ele os vê afetados: sendo guiados em tudo pela Palavra do Senhor.
Além disso, se o ministro tiver qualquer coisa pela qual ele possa consolar e dar alívio físico aos pobres aflitos, ele não deve lhes privar, mas mostre a todos um verdadeiro exemplo de caridade.
John Calvin, Tracts and Treatises – On the Doctrine and Worship of the Church (Edinburgh: Calvin Translation Society, 1849), vol. 2, pp. 127-128.
Assinar:
Postagens (Atom)
Oração de Philip Melanchthon
A ti, ó Filho de Deus, Restaurador da imagem desfigurada e deformada de Deus no homem, que morreste pelos nossos pecados e ressuscitaste par...
-
NOTA DOS EDITORES Com esta publicação o leitor brasileiro tem o privilégio de travar conhecimento – pela primeira vez em língua portuguesa...
-
A Melanchthon 1 de Agosto de 1521[1] Você não terminou de dar razões suficientes para medir com a mesma norma o voto dos sacerdotes e d...
-
Introdução histórica por Teófanes Egido Para a compreensão do feito e do significado da atuação de Lutero ante a Dieta de Worms e de seu d...