quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A visitação dos enfermos - por João Calvino

O ofício de um verdadeiro e fiel ministro não é apenas ensinar publicamente àquelas pessoas, sobre quem, ele é pastor ordenado, mas, na medida do possível, que admoeste, exorte, repreenda e console a cada um em particular. Então, a maior necessidade que um homem tem da doutrina espiritual de nosso Senhor é quando a sua mão o visita nas aflições, seja de doença ou de outros males, e, especialmente, na hora da morte, pois então, ele se sentirá mais forte do que nunca na sua vida, antes pressionada em consciência tanto pelo juízo de Deus, a que ele se vê prestes a ser chamado, como pelos assaltos do diabo, que então usa todos os seus esforços para vencer o pobre, mergulhando e dominando-o na confusão. E, portanto, o dever de um ministro é visitar os doentes e consolá-los pela Palavra do Senhor, mostrando-lhes que tudo o que eles sofrem e padecem, vem da mão de Deus e da Sua boa providência, que não envia nada aos crentes exceto para o seu bem e a salvação.

Ele citará passagens das Escrituras adequadas a cada situação. Além disso, se ele vê a doença como perigoso, ele lhes dará consolo, no que for mais animador, conforme ele os vê tocados por sua aflição; isto é, se ele percebe que estão pesarosos, com o medo da morte, irá mostrar-lhes que não é motivo de desânimo para os crentes, que tendo Jesus Cristo por seu guia e protetor, serão conduzidos, em meio à sua aflição, para a vida em que Ele entrou. Por considerações semelhantes, ele removerá o medo e o terror que eles têm do juízo de Deus. Se ele perceber que não estão suficientemente oprimidos e agonizados pela convicção de seus pecados, ele lhes declarará a justiça de Deus, diante da qual eles não podem resistir, exceto por Sua misericórdia, recebendo a Jesus Cristo para a sua salvação. Mas, se vendo-os afligidos em suas consciências e perturbados por suas ofensas, ele apresentará Jesus Cristo para a vida e mostrará como nele todos os pobres pecadores podem, duvidosos de si mesmos, descansar em Deus e encontrar consolo e refúgio. Além disso, um bom e fiel ministro considerará corretamente todos os meios que são apropriados para consolar os angustiados, conforme ele os vê afetados: sendo guiados em tudo pela Palavra do Senhor.

Além disso, se o ministro tiver qualquer coisa pela qual ele possa consolar e dar alívio físico aos pobres aflitos, ele não deve lhes privar, mas mostre a todos um verdadeiro exemplo de caridade.

John Calvin, Tracts and Treatises – On the Doctrine and Worship of the Church (Edinburgh: Calvin Translation Society, 1849), vol. 2, pp. 127-128.

Um comentário:

  1. Muito bom esse aspecto do ministério pastoral. João Calvino como sempre sendo bíblico e direto ao ponto. Vejo palavras semelhantes ecoarem no domingo 10 do Catecismo de Heidelberg.

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