sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A externa administração da igreja - Johannes Wollebius

(1)
1. Temos discutido a natureza da igreja. A sua administração será o próximo assunto.
2. Esta é tanto ordinária como extraordinária.
3. A administração ordinária é tanto pública como privada.
4. A administração pública é tanto eclesiástica como civil.
5. A administração eclesiástica é aquela que lida com assuntos espirituais.
6. Alguns de seus assuntos estão restritos àqueles que detém o ofício na igreja [personae in eclesia publicae]; e alguns outros são compartilhados por toda a congregação [coetus].
7. O que é restrito são as coisas que são realizadas por alguns ministros da igreja em razão de seu chamado.
8. Os ministros da igreja são as pessoas que Deus colocou como autoridade na igreja.[1]

PROPOSIÇÕES
I. Ninguém pode ser posto como autoridade na igreja a menos que seja legitimamente chamado.
II. Ninguém pode ser forçado a exercer o ofício eclesiástico.
III. O casamento não é proibido aos ministros. 1 Co 9:5 “não temos o direito de sermos acompanhados por uma irmã como esposa,[2] como os outros apóstolos e o irmão do Senhor, e Cefas?”; 1 Tm 3:2 “o bispo precisa ser irrepreensível, marido de uma esposa”; 1 Tm 3:4 “que governe bem a própria casa, criando os filhos submissos e respeitosos cada todas as coisas”.

(2)
1. Os ministros são tanto extraordinários como ordinários.
2. Os ministros extraordinários eram aqueles homens que Deus levantou para estabelecer um novo regime na igreja, ou para restaurar o antigo naquilo que ela tinha falhado. Assim, sob o Antigo Testamento, eram os profetas. No tempo do Novo Testamento temos João Batista, Cristo, os apóstolos, os profetas (i.e., homens com dom de interpretação Escritura), os evangelistas que acompanhavam e assistentes dos apóstolos, os pastores das igrejas e os mestres encarregados das escolas (Ef 4:11) [eram ministros extraordinários].

PROPOSIÇÕES
I. As marcas do ministro extraordinário eram os dons extraordinários.
II. Estes eram os dons de profecia, línguas e milagres.
III. Estes dons extraordinários antigamente abundavam sempre que a vontade de Deus, ou a necessidade da igreja os exigia, e depois eram retirados, e o ministério ordinário continua.
3. Os ministros ordinários são aqueles que são providos e chamados pelos meios ordinários.
4. Eles são tanto pastores, mestres, presbíteros [presbyteri] e diáconos.
5. Os pastores são aqueles que supervisionam uma particular congregação, para pregar, administrar os sacramentos e cuidar do rebanho.

PROPOSIÇÕES
I. O título de bispo pertence a todos os pastores (1 Tm 3:1).
II. Embora se desenvolveu o costume na igreja, que quem preside uma diocese de igrejas locais é chamado de bispo, o título de bispo universal não se deve conceder a ninguém.
6. Os mestres são aqueles que percebem a verdadeira doutrina, ensinando-a aos jovens nas escolas, bem como, fazem com que prevaleça na igreja.

PROPOSIÇÕES
Entre os pastores e mestres há estas diferenças: pastores são líderes nas igrejas, enquanto os mestres das escolas; pastores são pessoalmente dedicados a mover [a vontade] de seus ouvintes, enquanto que os mestres fazem instruindo-os.[3]
7. Os presbíteros são homens honestos e piedosos, assistentes [adiuncti] dos pastores, que servem em assuntos que afetam o bem-estar da igreja, em visitar o rebanho, tomando nota das irregularidades na vida e coisas similares.
8. Aqueles usos para diáconos e diaconisas[4] se referiam a quem eram confiáveis para receber e distribuir a propriedade eclesiástica (At 6:1-6; 1 Tm 3:8-10).[5]

[ TEXTO COMPLETO ACESSE AQUI ]

NOTAS:
[1] Alexander Ross traduz: “Os ministros são aqueles que Deus comissionou para conduzir o seu rebanho” in: The Abridgment of Christian Divinity, p. 214. Nota de Ewerton B. Tokashiki.
[2] Soror uxor, com Beza. Veja comentários. Nota de John W. Beardslee III.
[3] Alexander Ross traduz: “Pastores diferem dos doutores, que nisto eles têm a condução da igreja, e estes da escola; aqueles movem as afeições, e estes informam o entendimento do seu auditório”. The Abridgment of Christian Divinity, p. 217. Nota de Ewerton B. Tokashiki.
[4] O texto latino: “Diaconi & diaconisse olim erant, quibus bona Eclesiastica coligenda & distribuenda concredita erant” [Os diáconos e diaconisas que por sua vez faziam a coleta e distribuição dos bens eclesiásticos que lhes foram confiados] in: Joanne Wollebio, Compendium Theologicae Christianae (Amsterdami, Apud Aegidum Janssonium Valckenier, 1655), p. 154. Alexander Ross traduz: “Diáconos e diaconisas, na antiguidade, eram eles que faziam a coleta e a distribuição dos bens da igreja” in: The Abridgment of Christian Divinity, p. 217. A tradição reformada ignora a existência de diaconisas, embora Wollebius faça menção a elas. A ordenação feminina é uma novidade entre igrejas presbiterianas e reformadas que aderiram ao liberalismo teológico no século XX. Nota de Ewerton B. Tokashiki.
[5] O título “diácono” permanece em muitas igrejas reformadas, mas não é universalmente usado. Nota de John W. Beardslee III.

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