O TEXTO[1]
O profeta[2] ou pastor[3] orará de frente para o povo[4] com voz imposta e clara,[5] dizendo:
Oh! Deus onipotente e eterno, a quem honram como é devido a todas as criaturas, a quem adoram e louvam como Fazedor, Criador e Pai; concede-nos, nós que somos pobres pecadores, o que fielmente e com fé celebramos, louvando-te, com ações de graças que o teu Filho Unigênito, o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, ordenou aos crentes em memória de sua morte. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, o teu Filho, que contigo vive e reina em união com o Espírito Santo, Deus de toda eternidade. Amém.
O diácono ou leitor dirá com voz imposta, assim: o que vamos ler está escrito na 1ª Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo 11. (é realizada a leitura da Escritura).
Os diáconos e toda a congregação, declaram em seguida: Louvado seja Deus!
O cântico[6] de louvor será iniciado pelo pastor com a primeira estrofe e então todo o povo, homens e mulheres,[7] recitarão uma estrofe após a outra:
Pastor: Glória a Deus nas alturas!
Homens: E paz na terra!
Mulheres: E aos homens de boa vontade!
Homens: Louvamos e exaltamos a Ti.
Mulheres: Adoramos e honramos a Ti.
Homens: Damos graças por tua grande glória e tua bondade, oh! Senhor e Deus, rei dos céus, Pai e onipotente!
Mulheres: Oh! Senhor, Filho Unigênito, Jesus Cristo e Espírito Santo.
Homens: Oh! Senhor, Deus, tu Cordeiro de Deus, Filho do Pai, que tira o pecado do mundo, tem compaixão de nós.
Mulheres: Tu que tiras os pecados do mundo, aceita a nossa oração.
Homens: Tu que estás assentado à direita do Pai, tem compaixão de nós.
Mulheres: Pois somente Tu és santo.
Homens: Somente Tu és Senhor.
Mulheres: Somente Tu és o Altíssimo, Jesus Cristo com o Espírito Santo na glória de Deus Pai.
Homens e mulheres: Amém.
Agora o diácono diz ao leitor: O Senhor seja convosco!
O povo responde: E com o teu espírito.
Leitor: A leitura do Evangelho se encontra escrita no evangelho de João, capítulo 6.
O povo responde: Louvado seja Deus!
Leitura bíblica: (Jo 6:47-63)[8]
Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá. Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram e, contudo, morreram; quem comer este pão viverá eternamente. Estas coisas disse Jesus, quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum. Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou-os: Isto vos escandaliza? Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.
Leitor (após a leitura, ele beija o livro) diz: Demos louvor e graças! Que Ele conforme a sua santa palavra perdoe todos os nossos pecados.
O povo responde: Amém.
O diácono:[9] Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra.
Homens: Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Mulheres: o qual foi concebido do Espírito Santo,
Homens: nasceu da Virgem Maria,
Mulheres: padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos,
Homens: foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos,
Mulheres: no terceiro dia ressuscitou dos mortos,
Homens: subiu aos céus, está sentado à destra de Deus, o Pai onipotente,
Mulheres: donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Homens: Creio no Espírito Santo,
Mulheres: na santa igreja católica,
Homens: na comunhão dos santos,
Mulheres: na remissão dos pecados,
Homens: na ressurreição da carne
Mulheres: e na vida eterna.
O povo: Amém.
Diácono: Agora, amados irmãos, vamos comer o pão e beber conforme a instituição de nosso Senhor Jesus Cristo e como ele ordenou: Em sua memória, com louvor e ações de graças por ter morrido por nós e derramado o seu sangue lavando com ele os nossos pecados. Portanto, que cada um pense, segundo admoesta Paulo, que consolo, que fé e confiança tem em nosso senhor Jesus Cristo, a fim de que ninguém considere-se crente, não sendo, e por não ser se faça culpado da morte do Senhor e peque contra toda a Igreja cristã, que é o corpo de Cristo. Ajoelhai-vos e orai:
Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino,
Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
E não nos deixes cair em tentação;
Mas livra-nos do mal.[10]
O povo responde: Amém.
Diácono: Oh! Senhor, Deus onipotente, que por teu Espírito nos concedeu estar unidos na mesma fé, e com isto fez que sejamos o teu corpo: a este corpo tem ordenado que te louve, e lhe dê graças pelo bem e generoso bem que tem recebido, entregando o teu Filho Unigênito, o nosso Senhor Jesus Cristo. Outorgando-nos que fielmente te louvemos e demos graças e não provoquemos com hipocrisia ou falsidade a verdade que não consente com enganos. Concede-nos também o poder viver em pureza, como corresponde a teu corpo, aos que fez membros de tua família e teus filhos, a fim de que igualmente os incrédulos aprendam reconhecer o teu nome e a tua honra. Senhor guarda-nos de que por nossa causa, o teu nome e honras sejam escarnecidos; Senhor aumenta continuamente a nossa fé, ou seja, a nossa confiança em Ti, que vives e governas, Deus de toda a eternidade. Amém.
Diácono: (leitura de 1 Co 11:23-34)[11]
Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros. Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for ter convosco.
Terminada a leitura, os diáconos reconhecidos como tais, oferecem o pão ázimo a todos, e que cada crente pegue com a sua própria mão um pedaço de pão, ou aceite o pão da mão do diácono que o oferece. Uma vez que cada um tenha comido o seu pedaço de pão, os outros diáconos se aproximam com o cálice e de igual modo dão de beber a cada um. E que tudo isto se faça com o respeito e a decência própria da Igreja de Deus, e da Ceia de Cristo.
Logo após comer e beber, seguindo o exemplo de Cristo, declarem o Salmo 113, com ações de graças. Começará com o pastor.
Pastor: Louvai, oh! Servos do Senhor, louvai o nome do Senhor!
Homens: Louvado seja o nome do Senhor agora e até a eternidade!
Mulheres: Desde que se levante o sol, até o seu repouso seja louvado o nome do Senhor.
Homens: O Senhor é engrandecido sobre todos os povos e sua honra exaltada acima dos céus.
Mulheres: Quem é o Senhor, nosso Deus, que estando tão alto se inclina para olhar os céus e a terra?
Homens: O Senhor que dentre o pó levanta ao humilde, e ao pobre tira da imundícia.
Mulheres: E os assenta com os príncipes, com os príncipes de seu povo.
Homens: O Senhor que a mulher estéril concede a maternidade e faz que tenha alegria nos seus filhos.
Pastor: Senhor, damos-te graças por todos os bens e dádivas; graças, Senhor, que vives e governas, Deus de toda a eternidade.
O povo: Amém.
Pastor: Ide em paz.
NOTAS:
[1] M. Gutiérrez Marín comenta que “o tratado prescreve que a Santa Ceia fosse celebrada quatro vezes por ano (Páscoa da Ressurreição, Pentecostes, o 11 de Setembro, ou seja, quando antes da Reforma se venerava aos santos Félix e Régula, e no Natal)” in: Zuinglio – Antología (Barcelona, Producciones Editoriales del Nordeste, 1973), p. 112. O texto do impresso em Março ou início de Abril, sendo esta liturgia usada pela primeira vez em 13 de Abril de 1525. Nota do tradutor.
[2] Por profeta, Zwingli entendia o “pregador”, e não alguém que pudesse falar novas revelações extra-bíblicas. M. Gutiérrez Marín observa que para ele profecia significava “a profunda investigação da Sagrada Escritura, e isto de modo que os pregadores formados, ou ainda em preparo, estivessem bem preparados.” Zuinglio – Antología, p. 34.
[3] Entre 26 a 28 de Outubro de 1523, Zwingli pregou numa conferência que reuniu cerca de 350 pastores suíços. A pedido de Joachim Vadian, dirigente da Reforma em San Gall, publicou o sermão em 26 de Março de 1524, com o título de “O Pastor.” Este tornou-se um tratado de teologia pastoral. Este sermão será em breve publicado aqui no blog.
[4] A liturgia tradicional católico romana ainda hoje preserva a prática do celebrante no momento de consagrar a hóstia dar as costas para o povo.
[5] Não mais em latim, mas em vernáculo comum.
[6] O uso de instrumentos era ausente no culto da Igreja de Zurique nos dias de Zwingli, apesar ser o reformador um exímio músico sabendo manusear instrumentos como alaúde, harpa, violino, flauta, címbalo, cítara de cordas, também compositor, tendo-se preservado pelo menos 3 hinos de sua autoria. Hannes Reimamm esclarece que Zwingli “não teve tempo de formular uma doutrina sobre o cântico no culto, senão que também com respeito a esta questão encontrava a meio caminho. E isto é próprio de um homem cujas características não eram a imobilidade, mas o dinamismo. O fato dele não conseguir conjugar a música com o culto e ter abolido radicalmente o cântico de Salmos por corais na missa, não significa que quisera abolir para sempre a música e os cânticos nos lugares destinados ao culto.” Hannes Reimamm, “Die Einführung des Kirchengesanges in der Zürcher Kirche nach der Reformation” (Zürich, 1959) citado por M. Gutiérrez Marín, Zuinglio – Antología, p. 111. Interessante notar que a partir de 1533 são impressos 17 hinários diferentes em Zurique. A maioria deles com o título “Salmos e cânticos espirituais”, contendo melodias alemãs e uma parte com o subtítulo “Salmos de Davi” contendo melodias francesas; parte deles eram salmos metrificados, e ainda alguns cânticos compostos por Lutero, e canções adaptadas com letras bíblicas ou doutrinárias. Nota do tradutor.
[7] M. Gutiérrez Marín comenta que “os homens se sentavam no lado direito e as mulheres no lado esquerdo do templo. O pão e o vinho eram servidos em bandejas de madeira, sendo repartido pelos diáconos para a congregação que permanece sentada. Não havia nem música nem cânticos.” Zuinglio – Antología, p. 112.
[8] Optei por citar a versão ARA.
[9] O diácono dá início e em seguida, os homens e as mulheres alternam recitando o Credo Apostólico, e todos juntos findam dizendo: Amém. Nota do tradutor.
[10] A oração do Pai Nosso é feita sem a doxologia da segunda metade do verso 13. Optei por citar a versão ARA. Nota do tradutor.
[11] Optei por citar a versão ARA. Nota do tradutor.
Extraído de M. Gutiérrez Marín, Zuinglio – Antología (Barcelona, Producciones Editorial del Nordeste, 1973), pp. 112-117.
Traduzido em 8 de Setembro de 2010
Revisado em 7 de Março de 2014
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO
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