quarta-feira, 18 de junho de 2025

Oração de Philip Melanchthon

A ti, ó Filho de Deus, Restaurador da imagem desfigurada e deformada de Deus no homem, que morreste pelos nossos pecados e ressuscitaste para a nossa justiça, a ti oramos de todo o coração. Cria em nós uma nova vida através do teu Espírito Santo. Infunde em nós o verdadeiro conhecimento, a oração e o amor. Sê a nossa proteção, ó Cristo, para que a ira ardente de Deus não caia sobre nós; para que nós, imundos e impuros, não sejamos julgados diante de Deus. Reveste-nos da tua justiça e purifica-nos do nosso pecado, para que sejamos aceitáveis ​​ao teu Pai eterno. Fortalece agora a nossa fé, para que na próxima vida, restaurados, possamos dar-te graças e, com todos os anjos justos, bem como os homens, louvar-te para sempre, a ti e ao Pai e ao teu Espírito Santo. Amém.


Donald K. McKim, Everyday Prayer with the Reformers.



terça-feira, 17 de junho de 2025

Oração de Martinho Lutero

 Eis, Senhor, um vaso vazio que precisa ser enchido. Meu Senhor, enche-o. Sou fraco na fé; fortalece-me. Sou frio no amor; aquece-me e torna-me fervoroso para que o meu amor se estenda ao meu próximo. Não tenho uma fé forte e firme; às vezes duvido e sou incapaz de confiar totalmente em ti. Ó Senhor, ajuda-me. Fortalece a minha fé e a minha confiança em ti. Em ti selei os tesouros de tudo o que tenho. Sou pobre; tu és rico e vieste para ser misericordioso com os pobres. Sou pecador; tu és justo. Comigo há abundância de pecado; em ti está a plenitude da justiça. Portanto, permanecerei contigo, de quem posso receber, mas a quem não posso dar. Amém.


Donald K. McKim, Everyday Prayer with the Reformers.

Oração de Philip Melanchthon

 Dou-te graças, Deus Todo-Poderoso, por te revelares a mim, por enviares teu Filho Jesus Cristo, para que ele se tornasse um sacrifício, para que por ele eu pudesse ser perdoado e receber a vida eterna. Dou-te graças, ó Deus, por me fazeres um recipiente do teu grande favor através do Evangelho e dos Sacramentos, e por preservares a tua Palavra e a tua Santa Igreja. Ó, que eu possa verdadeiramente declarar a tua bondade e as tuas bênçãos! Inflama-me, eu te suplico sinceramente, com o teu Espírito Santo para que a ação de graças possa brilhar na minha vida. ... Ilumina o meu coração, eu te suplico, para que eu possa estar mais plenamente consciente do teu favor para comigo e para sempre te adorar com verdadeira ação de graças.


Donald K. McKim, Everyday Prayer with the Reformers.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Algumas críticas à Loci Communi: A carta de Martinho Lutero para Felipe Melanchthon


 [1 de agosto de 1521][1]

Dia do apóstolo são Pedro, 1521.[2]

 Você não terminou de dar razões suficientes para medir com a mesma norma o voto dos sacerdotes e dos freis. A mim, o que mais me convence é que a ordem sacerdotal foi estabelecida como livre por Deus; mas, não foi assim com os monges que espontaneamente escolheram e ofereceram a sua origem a Deus. Quase me atreveria a decidir que quem ingressou nestes compromissos antes de sua puberdade que podem sair dela sem escrúpulo, se não fosse porque ainda não me atrevo a sentenciar nada acerca dos que são velhos e viveram durante longo tempo neste estado.

Mesmo porque, Paulo afirma com toda liberdade que foram os demônios quem vedaram o matrimônio aos sacerdotes.[3] Assim, como a voz de Paulo é a voz de Deus, não há dúvida de que há que confiarmos nela, de forma que ainda que houvessem pactuado esta proibição diabólica desde o princípio, agora, quando são conscientes de a quem prometeram, há que romper confiadamente o pacto.

Esta proibição do diabo expressada claramente na Escritura Sagrada obriga-me e força a aprovar o realizado pelo bispo cameracense. Deus não engana, nem mente ao dizer que esta é uma proibição do diabo. Portanto, não pode ser estável o pacto firmado, já que se fez na força de um erro ímpio contra Deus e, além disso, depois de havê-lo reprovado e condenado. Disse expressamente serem espíritos do erro os autores dessa proibição.

Por que, então, há de temer a aceitação desta sentença divina, ainda que se oponham todas as portas do inferno? Não se pode comparar isto com o juramento que os filhos de Israel fizeram aos gibeonitas, porque tinham o preceito de oferecer a paz e de admiti-la se lhes era oferecida. Por isso, os admitiram na qualidade de prosélitos aderidos a seu rito. Tudo se fez em Gibeão, pois nada houve nele que se fizesse contra Deus, nem por sugestão dos espíritos do erro, e ainda que a princípio murmurassem, depois achegaram-se a ele.[4]

Além do mais, acrescenta que o celibato é uma instituição meramente humana; o homem que o instituiu pede rescindi-lo e, portanto, pode executá-lo qualquer um cristão. Fixa-te que o digo, inclusive supondo que não tenha se estabelecido por demônios, senão por um bom homem.

Ao não contar com esta sentença divina que se refere aos monges, não é seguro afirmar o mesmo deles. Pessoalmente não me atreveria fazê-lo e, por isso, tão pouco aconselharia aos demais que o fizessem. Desejo fosse possível fazê-lo para que de agora adiante ninguém se fizesse monge, ou para que saíssem os que o são, e se encontram na idade da luxúria. Há que evitar os escândalos, ainda que fossem lícitos, nas coisas em que a Escritura não nos manifesta com clareza.

Quanto ao que o exímio Karlstadt cita de são Paulo que “há que evitar as jovens viúvas e escolher as sexagenárias,”[5] desejo que fosse convincente! Porque podem facilmente arguir que o apóstolo o estabelece para as futuras, e que das anteriores disse estar condenadas por haver falhado com o primeiro compromisso. Essa autoridade evitada não pode constituir um fiel apoio para a consciência, que é o que andamos buscando. E, o que é senão a razão a que inclui que “melhor é casar-se do que viver abrasado” para evitar a fornicação? Então, o matrimônio com o pecado quebra o pacto. Somente buscamos a Escritura e o testemunho da vontade divina. Quem sabe se ao se abrasar hoje, não se abrasaria também amanhã?

Nem eu me atreveria conceder aos sacerdotes o matrimônio somente por esse abrasamento, se são Paulo não disse que tal proibição do matrimônio é errônea, diabólica, hipócrita e condenada por Deus.[6] Ou seja, que ainda que independente do ardor, têm que abandonar o celibato somente pelo temor de Deus. Mas sobre este problema seria útil discutir com maior compromisso. Seria muito satisfatório que pudesse ajudar os frades e as freiras, mas eu sinto muito por estes pobres moços e moças, atormentados pelas poluições e coceiras.

Quanto à comunhão, sob as duas espécies, não argumentarei por meio de exemplos, senão com base na Palavra de Cristo. Não há argumento que convença de que peca, ou deixe de fazê-lo quem receba somente uma espécie; o que há que ter em conta é que Cristo não exige nenhuma das duas, como não exige necessariamente o batismo quando um tirano, ou o mundo fazem impossível recorrer à água. Também a violência das perseguições separa o marido da esposa que Deus proibiu que se separassem, sem que um ou o outro consentisse na separação. Da mesma maneira, tão pouco, quem os corações piedosos veem-se privados da segunda espécie, e quem o consente ou aprova, ninguém poderá negar que são papistas, e não cristãos, nem negar que cometem pecado.

Se não existe esta exigência da necessidade, e sendo que há um tirano que urge, não vejo como possa pecar quem recebe apenas uma espécie. Quem poderá eliminar pela força ao tirano que se opõe? Portanto, o único que vale é a razão que dita que não se observa o que foi estabelecido por Cristo, mas nada define a Escritura, sem a qual não podemos afirmar que constitua pecado. É algo formado por Cristo, mas livremente permitido e não pode ser cativado nem no todo, nem na parte. O que fazer se, como no caso do mártir Donato, que se rompeu e derramou o cálice e alguns não puderam comungar esta espécie, porque não se tem disponível mais vinho, ou se ocorressem em outras circunstâncias? Em resumo, sendo que a Escritura não se pronuncia, nem eu me atrevo dizer de minha parte que isto seja pecado. É muito conveniente, todavia, que restaurem ao seu prístino estado este ensino de Cristo, e precisamente este era o primeiro que havia pensado solicitar quando regressar aí. Conhecemos há muito este tirano, e podemos resisti-lo para não nos vermos obrigados a comungar somente sob uma espécie.

O que nunca voltarei a fazer é celebrar a missa privada. Rogo fervorosamente a Deus que se apresse em conceder-nos o seu Espírito em abundância. Suspeito que não tardará que Deus visite a Alemanha pelo merecido que tem a sua incredulidade, sua impiedade e seu ódio pelo evangelho. Quando isto acontecer eles lançarão sobre nós a culpa deste açoite, por provocarmos a Deus com nossa heresia e nos “convertemos na vergonha dos homens e no desejo do povo;”[7] mas, eles acharão desculpas para os seus pecados, se justificarão comprovando que os réprobos não se converterão, nem pela bondade, nem pela ira e muitos se escandalizarão. Que se faça, sim, que se cumpra a vontade do Senhor. Amém!

Se você é pregador da graça, prega a graça verdadeira, não a graça fingida; se a graça é verdadeira, tenha a certeza de que se trata do pecado verdadeiro, não do fingido, porque, Deus não salva os pecadores fingidos. Seja pecador e peque fortemente, mas confia e se alegre mais fortemente ainda em Cristo, vencedor do pecado, da morte e do mundo. Há de pecar enquanto vivamos aqui. Esta vida não é a morada da justiça, senão que, como disse Pedro, estamos à espera de novos céus e de nova terra em que habite a justiça.[8] Basta que pela riqueza da glória tenhamos conhecido o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo;[9] deste não nos separará o pecado, inclusive ainda que forniquemos e matemos milhares e milhares de vezes ao dia. Por que é que crê ser tão mingado o preço da redenção de nossos pecados, pago por tão grande e bom cordeiro?

Ore forte ainda que seja um pecador fortíssimo.


NOTAS:

[1] WA Br 2, 370-372. Como se pode observar a carta somente foi conservada fragmentariamente. Felipe Melanchthon (1497-1560), indubitavelmente o personagem mais próximo de Lutero, apesar de seu distanciamento teológico progressivo e as suas diferenças de caráter, foi na realidade o primeiro sistematizador da teologia de Lutero (em suas Loci Communes, 1521). Lutero sempre o venerou, se preocupou com a sua saúde, o animou e lhe exasperou em muitas ocasiões. Está presente em quase todas as tentativas de aproximação entre Roma e a Reforma. Graças a ele pode-se preservar, ao menos num setor do luteranismo, um humanismo do qual o reformador e Amsdorf careciam. Cf. H. Bornkamm, Philipp Melanchthon, Göttingen 1950; P. Meinhold, Philipp Melanchthon, der Lehrer der Kirche, Berlin 1960; L. Stern, Martin Luther und Philipp Melanchthon. Ihre ideologische Herkunft und geschichtliche Leistung, 1953; W.H. Heuser, Luther und Melanchthon, Einheit in Gegensatz, München 1960; V. Vajta, Luther und Melanchthon, Göttingen 1961; M. Greschat, Melanchthon neben Luther, Witten 1965. Teófanes Egido, org., Lutero – Obras, pp. 385-387.

[2] Refere-se à festividade de são Pedro “ad vincula.”

[3] Bartolomé Bernhard de Feldkirch prefeito de Kemberg (daí a denominação de “cameracense” aludindo ao famoso Pierre d’Ally bispo de Cambrai) que se casou com farto consentimento de Lutero (Lutero e Melanchthon, 26 de maio de 1521: WA Br 2, p. 347).

[4] Em 1Tm 5.12. Esta primeira parte da carta, ponto de partida das variações posteriores do pensamento de Lutero sobre o celibato, esteve determinada pelas teses sustentadas por Karlstadt em junho deste ano em Wittenberg.

[5] Em 1Co 7.2 e 9.

[6] Em Sl 22.7.

[7] Esta expressão foi uma das mais atacadas pela apologética antiluterana. Pelo contexto o leitor verá o forte conteúdo teológico e cristológico, veementemente (era o seu humor) expresso por Lutero. Uma exegese aceitável deste lugar, cf. J. Lortz, o.c. I, 317 ss.

[8] Em 2Pe 3.13.

[9] Em 1Jo 1.29.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Carta de Johannes Aecolampadius para Hulrich Zwingli

20 de agosto de 1531.[1] 

 Saudações. Eu li, mui querido irmão, a opinião que você expressou a respeito do caso do rei da Inglaterra, e eu prontamente concordo com ela, percebendo claramente com que julgamento imparcial você pesou todas as circunstâncias do caso; e, não tenho dúvidas de que o resultado deste esforço não será motivo de arrependimento. Agradeço, portanto, por isso. Ficarei com a cópia que você redigiu, a qual, entretanto, lhe será devolvida, se assim o desejar. Minha opinião em nada difere da sua, exceto na maneira de expressá-la: você deve ler por si mesmo, já que não é muito extensa, mas ela é quase como uma carta. Bucer e Capito, até agora, sustentaram pontos de vista diferentes dos nossos; mas espero que, ao lerem a sua opinião, não mais discordem de nós, embora estejam muito preconceituosos em favor de suas próprias opiniões, especialmente de uma delas, circunstância que ocasiona não pequenos inconvenientes para uma igreja tão diferente. Eles permitiriam que o rei tivesse duas esposas: mas, esteja longe de nós seguirmos a Maomé neste aspecto, em vez de Cristo. 

 Então, com respeito à reconciliação com os cinco cantões, gostaria de estar enganado; mas, embora algumas pessoas esperem isso, não tenho a menor esperança que ocorra, a menos que uma das partes se humilhe ou seja humilhada. Eu tinha escrito anteontem (e pretendia entregar esta carta ao seu mensageiro, mas não o encontrei) por desejo urgente de quem enviou a resposta do Conselho ao seu povo. Envio a carta, embora agora seja fora de época e supérflua; mas desejo que você seja informado da ansiedade de seu amigo, mesmo que seja inútil. Adeus, com sua esposa e irmãos.[2] 

Aecolampadius. 


 NOTAS: 
 [1] Rev. Hastings Robinson,Original Letters Relative to the English Reformation (Cambridge, The Cambridge University Press, 1847), pp. 551-552. 
 [2] Esta é a última carta de Aecolampadius para Zwingli, visto que o reformador suíço alemão falece em 10 de outubro de 1531. Nota do tradutor.

domingo, 29 de março de 2020

Fragmento do rascunho da Ordenança Eclesiástica sobre a “Propriedade do Matrimônio” por João Calvino

Além disso, caso contrário, não poderíamos levá-los a um acordo, ordenamos e pedimos antecipadamente e antes de tudo que façam um inventário de suas mercadorias e dos seus negócios, dívidas, títulos e tudo mais que depende disso, dos seus móveis, utensílios, bens comuns e bens adquiridos. Deixe que eles resolvam e fechem suas contas e, assim, providenciem entre eles que haja uma resolução definitiva, que ponham fim a todas as brigas anteriores e que, a partir de agora, cada um possa saber o que é seu para que não haja reclamação. E desejamos que isso seja feito o mais rápido possível, o mais tardar dentro de um ano, sem procedimentos formais, mas pacificamente e com boa vontade. Se uma das partes não quiser consentir, ou seja, fazer esse inventário e liquidar suas contas sem um processo ou ir a um tribunal, a outra parte terá a opção e a liberdade de renunciar ao presente contrato e retornando ao seu primeiro curso [de ação legal?].

Sendo assim, será nosso desejo que as duas partes vivam juntas, mantendo uma família comum como fizeram até agora, tanto para seu próprio contentamento e repouso, como para evitar as conversas fúteis do mundo e o escândalo que possa resultar de sua separação. No entanto, como não podemos fazê-los concordar com isso,[1] ordenamos que a separação seja realizada quando as contas forem concluídas, ou seja, dentro de um ano. Para que eles se separem e cada um se retire pacificamente,[2] sob pena de retornar à sua condição anterior, ou seja, cada um deles deve, respectivamente, continuar com os direitos e ações que tomou como se este presente acordo nunca fosse feito. No entanto, se acontecer posteriormente que, para a facilidade e conveniência das duas partes ou de uma delas, lhes pareça apropriado organizar e realizar uma separação, nós os deixamos livres para fazê-lo.[3]


NOTAS:
[1] Calvino primeiro escreveu: “No entanto, se isso não puder ser feito de outra maneira e ambas as partes preferirem viver separadamente, ou um dos dois desejar isso, solicitamos ... ”.
[2] O texto original: “eles são mutuamente obrigados a se separar, cada um a pedido do outro ... ”.
[3] O texto está em CO 10/1:143–44 sem data citado pelo livro de Philip L. Reynolds and John Witte, Jr., orgs., To Have and to Hold - Marrying and Its Documentation in Western Christendom, 400–1600 (Cambridge, Cambridge University Press, 2007), p. 478.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Conselhos de João Calvino sobre empréstimo, usura e Igreja e Estado.

Eu seria mais diligente em responder, querido irmão, se não fosse impedido pela dificuldade que parece estar relacionada à pergunta que fez em sua carta. Você pergunta se é permitido aos ministros cobrar e obter lucro com o dinheiro deles. Se eu disser “não” categoricamente, minha resposta poderá ser julgada mais severa do que a correta e, possivelmente, será distorcida. Portanto, não me atreveria a afirmar que não é permitido. Sei como é provável que isso acarrete falsas acusações e escândalos, mais intrigante, e como a maioria das pessoas estendem os limites dos bens que podem adquirir, mesmo sob condições de restrição, prefiro parar de me comprometer do que dar uma resposta completa, e oferecer a minha opinião de que este assunto fosse liberado de restrições de uma vez por todas.

Seria sensato, é claro, abster-se de transações desse tipo e da ganância por lucros. Jeremias tem o propósito de testemunhar sobre si mesmo: “Nunca lhes emprestei com usura, nem eles me emprestaram a mim com usura; todavia, cada um deles me amaldiçoa” [Jr 15.10]. Quando um ministro da Palavra pode impedir-se de obter lucros desse tipo, ele está tomando a decisão certa para si. Não obstante, é mais tolerável que receba esse lucro do que entre nos negócios ou empreenda alguma atividade que o afaste dos deveres de seu ofício e, portanto, não vejo que isso mereça condenação como algo geral. Eu gostaria de ver a restrição usada. Obviamente, ele não deve estipular uma taxa de retorno definitiva ou que uma quantia específica de dinheiro lhe seja paga. Ele pode, no entanto, investir seu dinheiro com um homem honesto, cuja boa fé e honestidade ele confia. Que se contente com um retorno justo e honesto de seu dinheiro, de acordo com o modo das bênçãos de Deus sobre ele como usuário de riqueza.

Sobre a questão de prestar juramento no consistório, você deve agir com prudência para combater as desvantagens e murmúrios dos iníquos. Será melhor, portanto, se aqueles que são chamados prestarem juramento quando for necessário e permanecerem como se estivessem no tribunal de Deus, uma vez que o próprio Deus está presidindo uma assembleia. Evite cuidadosamente qualquer tipo de ação que tenha aparência de uma justificativa, ou mesmo algo parecido.

Por fim, não vejo dificuldade em admitir no consistório àqueles que são responsáveis pela jurisdição civil normal, desde que não estejam presentes devido ao prestígio e respeito à sua jurisdição. Uma distinção deve sempre ser observada entre essas duas áreas claramente distintas de responsabilidade: a civil e a eclesiástica. Além disso, não há razão para excluí-los de nossas investigações e decisões sobre assuntos espirituais. Em resumo, quando homens adequados forem escolhidos para esse cargo, cuidem para que não combinem o poder da espada com algo que, por sua própria natureza, deva permanecer distinto desse poder.

Achei que deveria responder às suas perguntas dessa maneira, mas não quero que as respostas pareçam ter vindo apenas de minhas opiniões. Eu consultei meus irmãos expressamente, e eles aprovaram.

Saudações,
10 Janeiro de 1560.


Mary Beaty and Benjamin W. Farley, Calvin’s Ecclesiastical Advice (Louisville, Westminster/John Knox Press, 1991), pp. 160-161.
Tradução de Ewerton B. Tokashiki

Oração de Philip Melanchthon

A ti, ó Filho de Deus, Restaurador da imagem desfigurada e deformada de Deus no homem, que morreste pelos nossos pecados e ressuscitaste par...